SANTUÁRIO DA MUXIMA ESTÁ SENDO USADO PARA CULTOS DE FEITIÇARIA PELOS HOSPEDES
Segundo o Padre Vicente Pinto de Melo, reitor do Santuário da Imaculada Conceição Mama Muxima, citado pela Rádio FP, a vila da Muxima enfrenta vários problemas, incluindo cultos satânicos, realizados por pessoas acolhidas pela igreja. Essas pessoas secretamente realizam cultos de feitiçaria dentro do santuário, uma situação preocupante para a igreja e a comunidade cristã local.
“Cheguei aqui há três anos e ouvia histórias de que o santuário era usado para cultos de feitiçaria. Um dia, acordei de madrugada, vesti minha batina e saí para verificar o que ouvia. Para minha surpresa, vi homens e mulheres, sem qualquer roupa, totalmente nuns em volta do santuário praticando o culto satânico. Quando me viram, saíram correndo. Desde então, tenho lutado para combater essas práticas”, disse o Padre Vicente Pinto de Melo.
Decidindo remover as pessoas hospedadas nas propriedades da igreja, o Padre enfrentou resistência, exigindo a intervenção da polícia e da administração municipal da Quiçama. Segundo ele, a administração municipal apoia a igreja na luta contra essas práticas negativas que prejudicam a imagem e a devoção ao santuário da Mama Muxima, na vila da Quiçama, em Luanda.
O santuário recebe entre seis e dez mil visitantes por semana, sem distinção de denominação religiosa, colocando o local como o principal destino para o turismo religioso em Angola.
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CONHEÇA SUA HISTÓRIA
Nossa Senhora da Conceição da Muxima, também conhecida como Nossa Senhora da Muxima ou Mamã Muxima, é uma devoção mariana de Angola
Suas origens remontam à construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição na localidade conhecida como Muxima, na atual província de Luanda, em 1599.
O santuário logo se converteu num importante centro de cristianização, sendo o lugar onde se batizavam os africanos antes de embarcá-los como escravos para diversas localidades, mas em especial para as Américas.
Tornou-se, igualmente, um importante espaço devocional para as populações cristãs autóctones, que logo atribuíram, à Senhora da Muxima, a realização de diversos milagres.
Os rumores de realização de prodígios logo se espalharam pelas regiões circunvizinhas, levando à organização de atos de piedade popular, quer baseados na tradição portuguesa, quer totalmente inovadoras ou reminiscentes de antigas religiões africanas.
A mais importantes dessas tradições, a Romaria de Nossa Senhora da Conceição da Muxima, remonta ao ano de 1833, atraindo milhares de peregrinos todos os anos, em fins de agosto e início de setembro.
A devoção inspirou vários escritores angolanos, como Pepetela, que discorre sobre as tradições associadas à Mamã Muxima na obra A Sul. O Sombreiro.
Apesar da ampla devoção por toda a população católica angolana, entretanto, Nossa Senhora da Muxima não é considerada padroeira de Angola pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé.
É um edifício espaçoso e forte, com uma arquitetura austera, tipicamente portuguesa, construído sobre o rio Kwanza. Foi incendiada pelos holandeses coloniais em 1641, quando capturaram Muxima.
Mais tarde, foi modificado.
O santuário, com uma imagem da Virgem, é um local de grande devoção dos peregrinos cristãos há gerações.
Foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto Provincial Português n.º 2, de 12 de Janeiro de 1924. Encontra-se relativamente em bom estado de conservação e pertence à Igreja Católica Romana.
A responsabilidade pela sua manutenção e preservação é do Ministério da Cultura.
Em 27 de outubro de 2013, a imagem de Nossa Senhora da Muxima foi atacada a pauladas por um grupo de sete pessoas pertencentes à Igreja da Arca de Noé durante a missa dominical.
O ataque visava ao combate a uma suposta idolatria, num dos maiores atos de intolerância religiosa já registados no país.